Hoje há um interesse generalizado pelo voluntariado. Mas ser voluntário é tão antigo como ser homem ao lado de outro homem carenciado. Sempre que alguém, desinteressadamente, resolve ajudar, é um voluntário.
Sem menosprezar essa disponibilidade permanente de se interessar pelo outro, pelo próximo em situação de carência, por quem quer que se cruze connosco nos vários caminhos da vida, hoje pretende-se que o trabalho de voluntariado não seja apenas espontâneo. Inserido em instituições, pretende-se que seja mais organizado, mais qualificado, que tenha em conta as suas enormes potencialidades, mas também as suas limitações, sobretudo quando se pretende que seja um complemento da actividade de profissionais.
Voluntário é aquele que se compromete por amor ao próximo e livremente. O voluntário deve servir com total gratuitidade. Ele não é apenas um dador de simpatia e de interesse humano, mas um dador de tempo que é coisa que o profissional tem de administrar, e não pode desperdiçar. De facto o voluntário é aquele para quem o tempo não tem grande importância, porque pode dá-lo generosamente. Ele é alguém que pode sentar-se ao lado do outro para o ouvir, ou apenas para estar presente.
Não pode ser voluntário quem quer. É necessário possuir uma grande dose de generosidade e dispor de tempo livre. Quem não tiver assumido os seus próprios problemas não pode, nem consegue, ajudar os outros. O voluntariado não pode ser uma fuga das frustrações familiares, uma actividade para aliviar a sensação de isolamento, ou mesmo, a possibilidade de desenvolver um certo protagonismo social. Por isso deve fazer-se sempre uma cuidadosa triagem daqueles que pretendem dedicar algum do seu tempo a essa actividade, para saber das suas motivações, das suas capacidades e da sua disponibilidade. Exige também um mínimo de formação. É isso que se procura fazer na nossa instituição, o Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, onde o trabalho dos voluntários é levado a sério, e julgo que é apreciado pelos seus técnicos, onde se dá uma grande importância à formação.
Ser voluntário é também uma forma de descobrir a alegria de viver. Pelo menos essa é a minha maneira de ver a minha actividade (sou voluntária no centro geriátrico) e sinto-me perfeitamente integrada. Acho que faço parte da “casa”! Vou, duas vezes por semana, ajudar na hora de almoço, mas acho que o meu tempo passa a correr. Nem dou por aquelas duas horas, e sou sempre recebida com sorrisos. É tão gratificante! Eles, os meus “amigos” dão-me muito mais do que eu lhes dou! Por isso, para mim, ser voluntário vale a pena!
M.ª Izilda Amaral
Voluntária no Centro de Cuidados Geriátricos
da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo