Julho 23 2011

Em tempos em que todos se desculpam porque não há tempo para nada nem ninguém, haverá mil e uma razões para não se conseguir cuidar, amar, apoiar o nosso idoso que inicia o seu processo de senescência e senilidade. Mas, afinal onde residem as nossas prioridades? Aquele que cuidou de tudo e de todos, necessita agora ser cuidado! Infelizmente, a sociedade e famílias da actualidade não têm conseguido prestar um apoio tão premente como este – culpa de todos, culpa de ninguém!

Recorre-se então ao apoio formal que, muitas vezes, funciona como uma primeira resposta e não como um último recurso. Na verdade, em alguns casos, é um mal necessário! Este apoio que pretende ser sinónimo de expectativa de vida, nem sempre é encarado pelos seus protagonistas como tal, motivado por: dependências crescentes, doenças crónicas, perdas (físicas, emocionais, …), sentimentos de solidão, inutilidade, vazio, despersonalização, entre outros. Estes serão alguns dos motivos que despoletam o recurso à consulta de psicologia. Aqui, abre-se espaço à expressão de sentimentos e emoções, escondidos ou expressos no rosto e no corpo de quem sofre estas vivências; abre espaço ao conto de narrativas, todas elas diferentes, contadas e vividas por pessoas diferentes, reflectindo vidas repletas de histórias de amor, marcadas por encontros, desencontros, experiências positivas e outras negativas, todas elas com um significado pessoal inigualável. Contudo, parece existir um denominador comum em todas estas narrativas – sofrimento emocional -, que necessita ser validado e reconhecido por alguém. Tal como a letra e música de Mafalda Veiga, em “Um pouco de céu” - Não quero levar o que dei/ Talvez nem sequer o que é meu/É que hoje parece bastar/Um pouco de céu/Um pouco de céu - talvez, em consulta de psicologia, através de um olhar atento e tranquilo do profissional, este um pouco de céu seja “tocado” pela pessoa idosa, através da disponibilidade afectiva e temporal que lhe é concedida, onde a pessoa vê reconhecida e reforçada a sua identidade.

A consulta de psicologia pretende orquestrar emoções e sentimentos que necessitam ser afinados, em ordem à manutenção do respeito e da dignidade que qualquer ser humano deve preservar, seja qual for a circunstância, especialmente, na situação de pessoas idosas fragilizadas emocionalmente, para que nunca se esqueçam da sua identidade e para que se reconheçam sempre como ALGUÉM!

 

Dra. Sabina Romão

 

Psicóloga no Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo.

 

(Artigo publicado no jornal voz das Misericódias)

 

 

 


publicado por servoluntariosempre às 13:42

Julho 20 2011

“Velhos são os trapos!” muitas vezes ouvimos esta frase, mas nem pensamos muito nela.

Felizmente muitos dos nossos cidadãos seniores, já conseguem ter um estilo de vida um pouco melhor do que à alguns anos atrás, e a ideia de que a partir de determinada idade, já não vale a pena muita coisa, foi-se esbatendo ao longo do tempo. Mas ainda há um longo caminho a percorrer e muitas ideias pré concebidas para desmontar.

Vem isto a propósito de algumas pessoas chamarem aos nossos jovens “geração rasca”confirmando o velho hábito que temos de rotular pessoas. Na minha opinião, eles, os jovens não são a geração rasca mas sim a geração á rasca! Mas vamos ao essencial.

Na nossa instituição temos um bom grupo de voluntários mas muitos deles já com alguma idade, e foi para nós muito gratificante quando nos bateram á porta alguns jovens com uma grande vontade de descobrirem mais sobre o voluntariado. Isto aconteceu depois de termos feito algumas sessões de esclarecimento e divulgação nas escolas. Penso que é uma lufada de ar fresco, e que com um bom acompanhamento, eles vão conseguir fazer um bom trabalho.

Vieram cheios de boa vontade, com a alegria e a irreverência própria da sua juventude, o primeiro foi o J. P., que chegou de mansinho, experimentou e ficou! Agora temos a M. e o R., que na minha opinião até parece que já conheciam o meio, e amanhã vou conhecer mais três que espero se sintam à vontade com as tarefas que vão desempenhar. Os nossos utentes parecem gostar da sua presença e até aqueles que pouco comunicam verbalmente, sorriem para eles.

Os jovens são o sal da vida! Extrovertidos, irreverentes, barulhentos etc. mas sabem ser  meigos, tem todos ou (quase todos…) um coração cheio de coisas boas, e nos olhos a esperança de fazer a diferença para que o  mundo seja melhor.

Eu acredito na juventude.

publicado por servoluntariosempre às 12:14

Julho 09 2011

Todos sabemos que o voluntariado é o conjunto de acções de interesse social e comunitário em que toda a actividade desempenhada reverte a favor do serviço e do trabalho sendo feito sem recebimento de qualquer remuneração ou lucro.

Também sabemos que o trabalho voluntário se tem tornado um importante factor de crescimento de algumas organizações não-governamentais e é graças a esse tipo de trabalho que algumas falhas tendem a ser minimizadas.

O trabalho voluntário, ao contrário do que pode parecer, é exercido de forma séria e muitas vezes necessita de especialização e alguma dose de profissionalismo  já que existem empresas como hospitais, clínicas, escolas que podem precisar do auxílio de profissionais formados em várias áreas.

Segundo definição das Nações Unidas, "o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de actividades, organizadas ou não, de bem-estar social, ou outros campos...”.

Gosto mais desta definição.

A minha entrada neste mundo do voluntariado deu-se quando comecei a olhar a minha volta e me apercebi e assimilei o rol de coisas que não estão bem e o quanto algumas pessoas precisam somente de uma pequena ajuda para poderem viver um pouco melhor.

 A atitude "não vou ser eu que vou conseguir mudar o mundo, por isso não vale a pena fazer nada", é uma desculpa a nós próprios para continuarmos na nossa zona de conforto, na nossa rotina e no nosso egoísmo, fingindo que não vemos o que se passa à nossa volta.

Na maior parte das vezes, é preciso tão pouco ...

Ouvi uma vez alguém dizer -quando quiserem fazer alguma coisa de útil, abraçar um projecto ou ajudar alguém, usem sempre a regra dos "3 ps ,"pouco, pequeno e possível"!

No princípio estava um pouco apreensiva; não sabia o que esperar dos outros e o que iriam esperar de mim mas lá me decidi e fui transmitir o que aprendi ao longo dos anos e que tão útil foi na minha vida.

Em boa hora o fiz! Faço-o com prazer e considero a minha actividade como alimento da alma.

Assim sendo, apelo ao voluntariado, afinal, uma profissão de prestígio!

Contribuis para um mundo mais justo e solidário, cresces a nível pessoal e espiritual e ainda valorizas a tua saúde.

Ser voluntário é ter coragem de rever os teus princípios sem vaidades.

Dá de graça o que de graça recebeste!

Bem hajas!

 

 

Ana Maria Mendes

Formadora Voluntária na Academia para a Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo

 

 

 

publicado por servoluntariosempre às 11:55

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