As Nações Unidas definem voluntário como “…o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de actividades, organizadas ou não, de bem-estar social, ou outros campos”.(www.voluntarios.com.br)
Este espírito cívico aliado à vontade de ajudar e à solidariedade social, embora sejam aspectos muito importantes e que podem traduzir a essência do voluntário, não podem por si defini-lo. Ser voluntário acarreta também uma série de deveres, compromissos e responsabilidades.
Ao assumir as suas funções enquanto voluntário, deve estar preparado para actuar com competência na esfera das suas responsabilidades e deveres. E acima de tudo deve ser capaz de reconhecer as suas restrições para as funções que lhe foram atribuídas.
No que respeita ao trabalho voluntário nas instituições de cuidado aos idosos, o voluntariado é uma resposta da comunidade de extrema importância para as instituições e acima de tudo para os idosos. No entanto, cabe às instituições garantir que a sua bolsa de voluntários esteja preparada para assumir os desafios que envolve trabalhar com idosos, principalmente com os mais dependentes e com maiores necessidades de apoio.
A institucionalização de idosos não é um processo fácil, e é acompanhada por sentimentos de solidão, tristeza e inutilidade. As instituições deveriam ser capazes, por si, de dar respostas adequadas a estas situações e evitar o isolamento das pessoas e estimular a sua participação na vida da comunidade onde o idoso esteve inserido. No entanto, a realidade é que a falta de apoios e de recursos humanos faz com que questões essenciais para a qualidade de vida social do idoso sejam descuradas.
Os voluntários podem ser um recurso da comunidade para atenuar esta lacuna das instituições, mostrando uma disponibilidade para interagir com os idosos – uma interacção que por vezes os funcionários não conseguem ter.
Neste sentido, o voluntariado em instituições de cuidado ao idoso deve ter um carácter permanente. O voluntário deve ser capaz de assumir um compromisso para com a instituição, mas acima de tudo para com os idosos aos quais serve de apoio de forma a não criar falsas expectativas e gerar novos sentimentos de abandono.
Por outro lado, a instituição deve ser capaz de encaminhar e formar os seus voluntários para garantir respostas adequadas, eficientes e eficazes às necessidades dos seus clientes. E para manter o voluntário empenhado, fazendo-o sentir parte integrante da instituição e da sua dinâmica.
A sociedade actual depara-se com novos desafios, que exigem cada vez mais um apelo ao sentido cívico e solidário de cada indivíduo. Ser voluntário é uma resposta a esse apelo, mas não pode ser encarada apenas enquanto acto de boa vontade, mas sim com compromisso e competência.
Patrícia Barbosa
Enfermeira no Lar de Idosos da
Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo