O envelhecimento populacional é uma realidade mundial. Em países desenvolvidos, a população idosa (acima de 65 anos) já ultrapassou o número de crianças e estima-se que em 2050 teremos 32% de pessoas idosas. Estudos e pesquisas demonstram que é nesta faixa etária que há mais contato com a própria espiritualidade e religiosidade. O fato de a velhice ser considerada a última etapa da vida faz com que se pense mais na morte e, sobretudo, no que vem depois dela. A questão da finitude da vida, nesta fase, torna-se mais próxima e até real. Há quem proponha para um envelhecimento bem sucedido, a existência de três elementos: probabilidade baixa de doenças, grande funcionalidade cognitiva e física e intenso "namoro" com a vida. Entretanto, um estudo feito com idosos cujas crenças pessoais davam maior significado às suas vidas mostrou que envelheciam melhor, em comparação com aqueles que não as possuíam. Ora incluindo aqui as atividades religiosas surge um quarto fator a considerar: a espiritualidade. A importância deste tema vem então pelo fato de que os idosos (pacientes ou não) usariam as suas crenças religiosas e espirituais para uma melhor qualidade de vida, levando a um menor sofrimento, menor valorização da dor e maior aceitação da morte. De fato, a interligação entre religiosidade/espiritualidade e a saúde remonta aos primórdios da história, em que os poderes da«cura» estavam nas mãos dos que lidavam com o espírito. Na prática, o retorno à vida religiosa passa a ser mais evidente sendo, para muitos, indispensável. Faz sentido quando se pensa na velhice como a etapa em que um balanço da vida é necessário e inevitável. Se pensarmos que desde sempre as crenças, práticas e experiências espirituais têm sido uma das componentes de maior prevalência e influência na maioria das sociedades não nos devemos surpreender que profissionais de saúde, investigadores e as pessoas em geral tenham reconhecido a importância da dimensão deste tema, principalmente na saúde, e nesta faixa etária em particular. Quem se movimenta junto ao idoso, nomeadamente o profissional de saúde, tem que estar treinado para perceber e respeitar a espiritualidade como um fator associado ao envelhecimento bem sucedido e até aos cuidados no fim da vida.
Ana Mendes Voluntária na SCMAH